E era uma canção...
Tão linda que só se poderia ler dançando
E que nada dizia
Em sua graça ingênua
Dos subterrâneos êxtases e horrores em que estavam mergulhadas as suas raízes...
Mas estava fragilmente pintada sobre o véu do silêncio
Onde a morta jazia com seus cabelos esparsos
Com seus dedos sem anéis
Com seus lábios imóveis
E que talvez houvessem desaprendido para sempre até as sílabas
que outrora pronunciavam meu nome...
Onde a morta jazia na sua misteriosa ingratidão!Era uma pobre canção,
Ingênua e frágil,
Que nada dizia...
[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]
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