quarta-feira, novembro 01, 2006
A Noite
A Noite é uma enorme Esfinge de granito negro
Lá fora.
Eu acendo minha lâmpada de cabeceira.
Estou lendo Sherlock Holmes.
Mas, nos ventres, há fetos pensativos desenvolvendo-se...
E há cabelos que estão crescendo, lentamente, por debaixo da terra,
Junto com as raízes úmidas...
E há cânceres... cânceres!... distendendo-se como lentos dedos...
Impossível, meu caro doutor Watson, seguir o fio desta sua confusa e deliciosa história.
A Noite amassa pavor nas entrelinhas.
É um grude espesso, obscuro...
Vontades de gritar claros nomes serenos,
PALLAS NAUSICAA ATHENA AI, mas os deuses se foram...
Só tu aí ficaste...
Só tu, do fundo da noite imensa, a agonizares eternamente na tua cruz!...
[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Olá, sou apaixonada por Quintana. Usei teu blog em uma postagem onde falava sobre marcadores e tomei a liberdade de lincar teu blog no meu.
Adorei esse espaço! Está lindíssimo.
Abraços, Ivana.
Postar um comentário