Para Lino de Mello e Silva
A ciranda rodava no meio do mundo,
No meio do mundo a ciranda rodava.
E quando a ciranda parava um segundo,
Um grilo, sozinho no mundo, cantava...
Dali a três quadras o mundo acabava.
Dali a três quadras, num valo profundo...
Bem junto com a rua o mundo acabava.
Rodava a ciranda no meio do mundo...
E Nosso Senhor era ali que morava,
Por trás das estrelas, cuidando o seu mundo...
E quando a ciranda por fim terminava
E o silencio, em tudo, era mais profundo,
Nosso Senhor esperava.., esperava...
Cofiando as suas barbas de Pedro Segundo.
[Mario Quintana; A Rua dos Cataventos, 1940]
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