Para Athos Damasceno Ferreira
Estou sentado sobre a minha mala
No velho bergantim desmantelado...
Quanto tempo, meu Deus, malbaratado
Em tanta inútil, misteriosa escala!
Joguei a minha bússola quebrada
Às águas fundas... E afinal sem norte,
Como o velho Sindbad de alma cansada
Eu nada mais desejo, nem a morte...
Delícia de ficar deitado ao fundo
Do barco, a vos olhar, velas paradas!
Se em toda parte é sempre o Fim do Mundo
Pra que partir? Sempre se chega, enfim...
Pra que seguir empós das alvoradas
Se, por si mesmas, elas vêm a mim?
[Mario Quintana; A Rua dos Cataventos, 1940]
Um comentário:
Eu sempre venho nesse blog mas nunca nem comentei aqui. Ótimo! É o que estava faltando na internet mesmo, um lugar com poesias ORIGINAIS do Quintana.
Abraço
Postar um comentário