LV. DO ESPETÁCULO DESTA VIDA
Impossível será que melhor vida exista,
Enquanto o mundo assim se distribuir:
No palco a Estupidez, para ser vista,
E a Inteligência na platéia, a rir...
LVI. DA COMPREENSÃO
Uns dizem mal de nós, mas sempre existe alguém
Que nos estime, afinal...
E todo o bem que diz, esse precioso bem...
Meu Deus!.., como o diz mal!
LVII. DA SINCERIDADE
Tens um amigo que fala bem
E um cão que nada explica.
Um jura-te amizade.., O outro, porém,
Seus bons serviços te dedica.
LVIII. DO DIREITO DE CONTRADIZER-ME
Que eu tenha um juízo ab-eterno
E sempre a mesma opinião?
Mas por que devo suar no inverno
Só porque o fiz no verão?
LIX. DO RISO
As setas de ouro de teu riso inflige
À sombra que te quer amedrontar.
Um canto muros erige:
Um riso os faz desabar.
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
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