LXX. DA CARIDADE
Se se pudesse dar, indefinidamente,
Mas sem, do que se deu, nada perder, em suma,
Ainda assim, muita gente
Nunca daria coisa alguma...
LXXI. DAS PENAS DE AMOR
É só por teu egoísmo impenitente
Que o sentimento se transforma em dor.
O que julgas, assim, penas de amor,
São penas de amor-próprio, simplesmente...
LXXII. DO OBJETO AMADO
Impossível que a gente haja nascido
Com os encantos que um no outro vê!
E um belo dia se descobre que
Houvera apenas um mal- entendido...
LXXIII. DA REALIDADE
O sumo bem só no ideal perdura...
Ah! quanta vez a vida nos revela
Que "a saudade da amada criatura"
É bem melhor do que a presença dela...
LXXIV. DO AMOROSO ESQUECIMENTO
Eu, agora - que desfecho! -,
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixa
De lembrar que te esqueci?
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
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