segunda-feira, novembro 20, 2006

A Canção

Era a flor da morte
E era uma canção...

Tão linda que só se poderia ler dançando

E que nada dizia
Em sua graça ingênua
Dos subterrâneos êxtases e horrores em que estavam mergulhadas as suas raízes...
Mas estava fragilmente pintada sobre o véu do silêncio

Onde a morta jazia com seus cabelos esparsos
Com seus dedos sem anéis
Com seus lábios imóveis

E que talvez houvessem desaprendido para sempre até as sílabas
que outrora pronunciavam meu nome...
Onde a morta jazia na sua misteriosa ingratidão!

Era uma pobre canção,
Ingênua e frágil,
Que nada dizia...

[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]



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4 comentários:

Anônimo disse...

Pois é...
Faz uma porrada de meses que eu visito esse blog, e só agora tomei coragem pra postar um 'recadim'; Delícia esse espaço.
Até parece um café da manhã sem compromisso na padaria da esquina, naqueles dias em que a gente mata o trabalho pra ser a gente mesmo.

Anônimo disse...

É tão simples, porque sempre temos que chorar ao ler? :DDD

Tudo que ele deixou para nós é maravilhoso!

Belíssimo o trabalho realizado nesse blog, é um legado! Parabéns!

Anônimo disse...

.... que bom. que bom. que bom que esse lugar existe....

Anônimo disse...

Que maravilha , quero-o na minha biblioteca e nos meus dias !
anónimo