domingo, novembro 09, 2008
Arte poética
Esses poetas que tudo dizem
Nada conseguem dizer:
Estão fazendo apenas relatórios...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quarta-feira, outubro 29, 2008
Nos salões do sonho
Mas vocês não repararam, não?!
Nos salões do sonho nunca há espelhos...
Por quê?
Será porque somos tão nós mesmos
Que dispensamos o vão testemunho dos reflexos?
Ou, então
- e aqui começa um arrepio -
Seremos acaso tão outros?
Tão outros mesmos que não suportaríamos a visão daquilo,
Daquela coisa que nos estivesse olhando fixamente do outro lado,
Se espelhos houvesse!
Ninguém pode saber... Só o diria
Mas nada diz,
Por motivos que só ele conhece,
O misterioso Cenarista dos Sonhos!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Nos salões do sonho nunca há espelhos...
Por quê?
Será porque somos tão nós mesmos
Que dispensamos o vão testemunho dos reflexos?
Ou, então
- e aqui começa um arrepio -
Seremos acaso tão outros?
Tão outros mesmos que não suportaríamos a visão daquilo,
Daquela coisa que nos estivesse olhando fixamente do outro lado,
Se espelhos houvesse!
Ninguém pode saber... Só o diria
Mas nada diz,
Por motivos que só ele conhece,
O misterioso Cenarista dos Sonhos!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
terça-feira, outubro 28, 2008
Este e o outro lado
Tenho uma grande curiosidade do Outro Lado.
(Que haverá do Outro Lado, meu Deus?)
Mas também não tenho muita pressa...
Porque neste nosso mundo há belas panteras, nuvens, mulheres belas,
Árvores de um verde assustadoramente ecológico!
E lá - onde tudo recomeça -
Talvez não chova nunca,
Para a gente poder ficar em casa
Com saudades daqui...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
(Que haverá do Outro Lado, meu Deus?)
Mas também não tenho muita pressa...
Porque neste nosso mundo há belas panteras, nuvens, mulheres belas,
Árvores de um verde assustadoramente ecológico!
E lá - onde tudo recomeça -
Talvez não chova nunca,
Para a gente poder ficar em casa
Com saudades daqui...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
segunda-feira, outubro 27, 2008
Um poema?
No mundo não há nada mais triste do que uma boneca morta...
Talvez porque sua mãezinha tenha morrido de parto!
Ou encontrar um vestido de noiva numa casa de penhores
Ou começar cheio de rimas quando se escreve em prosa
Ou não encontrar rimas quando se escreve em verso
(Também, quem me mandou escrever clássico?!)
Bendita seja a Isadora Duncan, que inventou o verso livre da dança!
Só não sei,
Mesmo,
O que eu queria dizer com tudo isso...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Talvez porque sua mãezinha tenha morrido de parto!
Ou encontrar um vestido de noiva numa casa de penhores
Ou começar cheio de rimas quando se escreve em prosa
Ou não encontrar rimas quando se escreve em verso
(Também, quem me mandou escrever clássico?!)
Bendita seja a Isadora Duncan, que inventou o verso livre da dança!
Só não sei,
Mesmo,
O que eu queria dizer com tudo isso...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
domingo, outubro 26, 2008
Virá bater à nossa porta?
Esse tropel de cascos na noite profunda
Me enche de espanto, amigo...
Pois agora não existem mais carros de tração animal.
É com certeza a morte no seu carro fantasma
Que anda a visitar seus doentes pela cidade..
Será ela? Virá acaso bater à nossa porta?
Mas os fantasmas não batem; eles atravessam tudo silenciosamente,
Como atravessam nossas vidas...
A morte é a coisa mais antiga do mundo
E sempre chega pontualmente na hora incerta...
Que importa, afinal?
É agora a única surpresa que nos resta!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Me enche de espanto, amigo...
Pois agora não existem mais carros de tração animal.
É com certeza a morte no seu carro fantasma
Que anda a visitar seus doentes pela cidade..
Será ela? Virá acaso bater à nossa porta?
Mas os fantasmas não batem; eles atravessam tudo silenciosamente,
Como atravessam nossas vidas...
A morte é a coisa mais antiga do mundo
E sempre chega pontualmente na hora incerta...
Que importa, afinal?
É agora a única surpresa que nos resta!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sábado, outubro 25, 2008
O tamanho da gente
O homem acha o Cosmos infinitamente grande
E o micróbio infinitamente pequeno.
E ele, naturalmente,
Julga-se do tamanho natural...
Mas, para Deus, é diferente:
Cada ser, para Ele, é um universo próprio.
E, a Seus olhos, o bacilo de Koch,
A estrela Sírius e o Prefeito de Três Vassouras
São todos infinitamente do mesmo tamanho...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
E o micróbio infinitamente pequeno.
E ele, naturalmente,
Julga-se do tamanho natural...
Mas, para Deus, é diferente:
Cada ser, para Ele, é um universo próprio.
E, a Seus olhos, o bacilo de Koch,
A estrela Sírius e o Prefeito de Três Vassouras
São todos infinitamente do mesmo tamanho...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sexta-feira, outubro 24, 2008
O tamanho do espaço
A medida do espaço somos nós, homens,
Baterias de cozinha e jazz-band,
Estrelas, pássaros, satélites perdidos,
Aquele cabide no recinto do meu quarto,
Com toda a minha preguiça dependurada nele...
O espaço, que seria dele sem nós?
Mas o que enche, mesmo, toda a sua infinitude
É o poema!
- por mais leve, mais breve, por mínimo que seja...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Baterias de cozinha e jazz-band,
Estrelas, pássaros, satélites perdidos,
Aquele cabide no recinto do meu quarto,
Com toda a minha preguiça dependurada nele...
O espaço, que seria dele sem nós?
Mas o que enche, mesmo, toda a sua infinitude
É o poema!
- por mais leve, mais breve, por mínimo que seja...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quinta-feira, outubro 23, 2008
Catástrofe
O meu esporte único é a Luta corpo a corpo com o meu Anjo da
Guarda.
Lutamos tanto pelo que queremos
Que no final ficaremos redondamente mortos no chão,
Para maior alívio de Nosso Senhor,
Para sempre livre de nós dois!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Guarda.
Lutamos tanto pelo que queremos
Que no final ficaremos redondamente mortos no chão,
Para maior alívio de Nosso Senhor,
Para sempre livre de nós dois!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quarta-feira, outubro 22, 2008
Nos solenes banquetes
Nos solenes banquetes de próceres internacionais
- em especial sobre desarmamentos -
O aparte mais espontâneo
é o riso de prata de uma colherinha
Que por acaso tombou no chão!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
- em especial sobre desarmamentos -
O aparte mais espontâneo
é o riso de prata de uma colherinha
Que por acaso tombou no chão!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
terça-feira, outubro 21, 2008
Os psicanalistas, como o caso deles me preocupa.
Eles próprios sofrem de um dos mais terríveis complexos do mundo,
Que é o complexo dos complexos.
Ah, se a gente pudesse ter uma simples e amistosa conversa com eles,
Sem que descubram coisas por trás!
E se, por acaso,
Tombar um ovo choco no chão,
Por que hei de ser um maníaco homicida,
Um fabricante de anjinhos?!
Por que não vão eles inquirir sobre isso o próprio Acaso,
Que não sabe de nada...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Eles próprios sofrem de um dos mais terríveis complexos do mundo,
Que é o complexo dos complexos.
Ah, se a gente pudesse ter uma simples e amistosa conversa com eles,
Sem que descubram coisas por trás!
E se, por acaso,
Tombar um ovo choco no chão,
Por que hei de ser um maníaco homicida,
Um fabricante de anjinhos?!
Por que não vão eles inquirir sobre isso o próprio Acaso,
Que não sabe de nada...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
segunda-feira, outubro 20, 2008
Da Imparcialidade
O homem - eternamente escravo de suas paixões pessoais -
Ë absolutamente incapaz de imparcialidade.
Só Deus é imparcial.
Só Ele é que pode, por exemplo,
Abençoar, ao mesmo tempo,
As bandeiras de dois exércitos inimigos que vão entrar em luta...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Ë absolutamente incapaz de imparcialidade.
Só Deus é imparcial.
Só Ele é que pode, por exemplo,
Abençoar, ao mesmo tempo,
As bandeiras de dois exércitos inimigos que vão entrar em luta...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
domingo, outubro 19, 2008
Estranheza
Os vivos e os mortos
Sempre tivemos uma coisa em comum:
Não acreditamos muito uns nos outros...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Sempre tivemos uma coisa em comum:
Não acreditamos muito uns nos outros...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sábado, outubro 18, 2008
O nome e as coisas
Para que estragar a simples existência das coisas com nomes
arbitrários?
Um gato não sabe que se chama gato
E Deus não sabe que se chama Deus
("Eu sou quem sou" - diz Ele no livro do Gênesis)
Eu sonho
Ë com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como deve ser a linguagem das plantas e dos animais!
Só de adjetivos, sem explicação alguma,
Mas com muito mais poesia...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
arbitrários?
Um gato não sabe que se chama gato
E Deus não sabe que se chama Deus
("Eu sou quem sou" - diz Ele no livro do Gênesis)
Eu sonho
Ë com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como deve ser a linguagem das plantas e dos animais!
Só de adjetivos, sem explicação alguma,
Mas com muito mais poesia...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sexta-feira, outubro 17, 2008
Liberação
Que bom deveria ser o mundo antes do nascimento de Cristo
E da rainha Vitória!
A única esperança que nos resta é a desse novo século que aí vem,
Liberto, sem injunções de espécie alguma.
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
E da rainha Vitória!
A única esperança que nos resta é a desse novo século que aí vem,
Liberto, sem injunções de espécie alguma.
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quinta-feira, outubro 16, 2008
Este nosso mundo
Sentiu Adão que alguém se aproximava silenciosamente
E lhe tapava os olhos com carinho!
"Adivinha quem é, meu queridinho?!"
Quem mais podia ser senão a sua doce, a sua querida Evinha?
Adão sorriu com aquela brincadeira.
Voltou a sorrir-se para ela... Mas não:
A voz que ouvira não era dela, mas a voz sinuosa da Serpente,
Que acabara de devorar a maçã e a própria Eva!
E desde então ele ficou sem companheira nem nada
E teve, até agora,
De fazer tudo pela própria vida
Neste mundo do Diabo!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
E lhe tapava os olhos com carinho!
"Adivinha quem é, meu queridinho?!"
Quem mais podia ser senão a sua doce, a sua querida Evinha?
Adão sorriu com aquela brincadeira.
Voltou a sorrir-se para ela... Mas não:
A voz que ouvira não era dela, mas a voz sinuosa da Serpente,
Que acabara de devorar a maçã e a própria Eva!
E desde então ele ficou sem companheira nem nada
E teve, até agora,
De fazer tudo pela própria vida
Neste mundo do Diabo!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quarta-feira, outubro 15, 2008
Madrigal
Tu és a matéria plástica de meus versos, querida...
Porque, afinal,
Eu nunca fiz meus versos propriamente a ti:
Eu sempre fiz versos de ti!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Porque, afinal,
Eu nunca fiz meus versos propriamente a ti:
Eu sempre fiz versos de ti!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
terça-feira, outubro 14, 2008
o Eterno Cristo
O povo adora e vive suspirando por um Messias,
Que o venha libertar de tudo no mundo,
Mas quando esse Dia Santo
Chega afinal,
Todos os seus crentes, cheios de espanto e medo,
A única coisa que conseguem fazer é apedrejá-lo!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Que o venha libertar de tudo no mundo,
Mas quando esse Dia Santo
Chega afinal,
Todos os seus crentes, cheios de espanto e medo,
A única coisa que conseguem fazer é apedrejá-lo!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
segunda-feira, outubro 13, 2008
Da mesma idade
domingo, outubro 12, 2008
Bucólica
sábado, outubro 11, 2008
Um novo Cântico dos Cânticos
sexta-feira, outubro 10, 2008
Reflexão para o dia de finados
As despedidas
quinta-feira, outubro 09, 2008
As tias
Sempre estão nos acusando de alguma coisa,
Com o dedo em riste: "Meninos, não façam isto!
Não presta deixar os sapatos virados no chão com a sola para cima,
Nem nunca puxar dessa maneira as tranças da Adalgisa!"
No entanto não sabem
Que as crianças no fundo gostam disso
E que a violência é uma das formas mais deliciosas do amor...
A gente grande só tem ridículas briguinhas conjugais
Apenas para poderem se reconciliar depois!
Ai de nós, de nossa vida com elas...
As nossas intrometidas tias são eternas e de todos os sexos!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
terça-feira, outubro 07, 2008
Os inconvenientes da perfeição
segunda-feira, outubro 06, 2008
São Jorge
domingo, outubro 05, 2008
O Eterno Sacrifício
Como dar vida a uma verdadeira obra de arte
A não ser com a própria vida?
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
A não ser com a própria vida?
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sábado, outubro 04, 2008
"A Gioconda"
sexta-feira, outubro 03, 2008
Baudelaire
quinta-feira, outubro 02, 2008
Antros noturnos
segunda-feira, setembro 29, 2008
Compensação
Hipóteses
domingo, setembro 28, 2008
sexta-feira, setembro 26, 2008
O vento e eu
O vento morria de tédio
Porque apenas gostava de cantar
Mas não tinha letra alguma para a sua própria voz,
Cada vez mais vazia...
Tentei então compor-lhe uma canção
Tão comprida como a minha vida
E com aventuras espantosas que eu inventava de súbito,
Como aquela em que menino eu fui roubado pelos ciganos
E fiquei vagando sem pátria, sem família, sem nada neste vasto mundo...
Mas o vento, por isso
Me julga agora como ele...
E me dedica um amor solidário, profundo!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Porque apenas gostava de cantar
Mas não tinha letra alguma para a sua própria voz,
Cada vez mais vazia...
Tentei então compor-lhe uma canção
Tão comprida como a minha vida
E com aventuras espantosas que eu inventava de súbito,
Como aquela em que menino eu fui roubado pelos ciganos
E fiquei vagando sem pátria, sem família, sem nada neste vasto mundo...
Mas o vento, por isso
Me julga agora como ele...
E me dedica um amor solidário, profundo!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quinta-feira, setembro 25, 2008
A música e a letra
quarta-feira, setembro 24, 2008
Os velhinhos
Como os velhinhos - quando uns bons velhinhos
São belos, apesar de tudo!
Decerto deve vir uma luz de dentro deles...
Que bem nos faz sua presença!
Cada um deles é o próprio avô
Daquele menininho que durante a vida inteira
Não conseguiu jamais morrer dentro de nós!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
terça-feira, setembro 23, 2008
Diplomacia
segunda-feira, setembro 22, 2008
domingo, setembro 21, 2008
Crenças
sábado, setembro 20, 2008
Perfil
Naqueles tempos,
Ele era tão inconstante de espírito e de coração,
Que seus olhos eram sempre da cor da gravata
Que estava usando na ocasião...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Ele era tão inconstante de espírito e de coração,
Que seus olhos eram sempre da cor da gravata
Que estava usando na ocasião...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sexta-feira, setembro 19, 2008
Para onde irão dar as belas cidades do sonho?
Não parecem muito diferentes das nossas...
Pois acabamos de encontrar na rua, jogando pelada,
Aqueles lindos negrinhos cor de ouro...
Mas eis que de repente cai uma chuva de pingos multicoloridos
E ficamos mascarados de tudo quanto é cor.
Não podemos deixar de rir...
Só nos assusta, querida, o vôo rasante dos pterodátilos
Que - não se sabe como - nos sobraram dos céus antediluvianos.
Mas lá vem vindo um diretamente contra nós
E ficamos agarrados como conchas,
Como as duas conchas de uma mesma ostra
- voluptuosamente única!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Não parecem muito diferentes das nossas...
Pois acabamos de encontrar na rua, jogando pelada,
Aqueles lindos negrinhos cor de ouro...
Mas eis que de repente cai uma chuva de pingos multicoloridos
E ficamos mascarados de tudo quanto é cor.
Não podemos deixar de rir...
Só nos assusta, querida, o vôo rasante dos pterodátilos
Que - não se sabe como - nos sobraram dos céus antediluvianos.
Mas lá vem vindo um diretamente contra nós
E ficamos agarrados como conchas,
Como as duas conchas de uma mesma ostra
- voluptuosamente única!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quinta-feira, setembro 18, 2008
Medo
Há uma coisa arrastando-se misteriosamente pelo chão da noite.
Acendo a luz e some-se...
É que tem medo - é que ela própria tem um medo terrível
Do que será!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Acendo a luz e some-se...
É que tem medo - é que ela própria tem um medo terrível
Do que será!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quarta-feira, setembro 17, 2008
Nevoeiro
terça-feira, setembro 16, 2008
Memória
segunda-feira, setembro 15, 2008
Confissão
Que esta minha paz e este meu amado silêncio
Não iludam a ninguém
Não é a paz de uma cidade bombardeada e deserta
Nem tampouco a paz compulsória dos cemitérios
Acho-me relativamente feliz
Porque nada de exterior me acontece...
Mas,
Em mim, na minha alma,
Pressinto que vou ter um terremoto!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
domingo, setembro 14, 2008
Censo demográfico
sábado, setembro 13, 2008
Noturno
De noite todos os meus pensamentos são escuros
E todas as palavras têm a letra "u"
Rude
Virtude
Cruzes!
Até mesmo, Bandeira, teu "sapo-cururu da beira do rio"!
Não me digam que o melhor é acender todas as luzes!
Odeio a luz elétrica e todas as luzes artificiais.
A gente repousa na escuridão como num ventre maternal.
E o melhor enredo para isso tudo
É me atirar de súbito num açude
Seco!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
E todas as palavras têm a letra "u"
Rude
Virtude
Cruzes!
Até mesmo, Bandeira, teu "sapo-cururu da beira do rio"!
Não me digam que o melhor é acender todas as luzes!
Odeio a luz elétrica e todas as luzes artificiais.
A gente repousa na escuridão como num ventre maternal.
E o melhor enredo para isso tudo
É me atirar de súbito num açude
Seco!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sexta-feira, setembro 12, 2008
Os três reis magos
quinta-feira, setembro 11, 2008
Fim do mundo?
quarta-feira, setembro 10, 2008
O amor eterno
Dante se enganou: Paolo e Francesca
Continuariam bem juntinhos no Inferno, com pecado e tudo
Juntinhos e felizes!
Mas quem sabe se não seria este mesmo o castigo divino?
Um amor que jamais pudesse terminar...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Continuariam bem juntinhos no Inferno, com pecado e tudo
Juntinhos e felizes!
Mas quem sabe se não seria este mesmo o castigo divino?
Um amor que jamais pudesse terminar...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
terça-feira, setembro 09, 2008
Elegia
segunda-feira, setembro 08, 2008
Romance
Quando, ainda menino, briguei ainda uma vez para sempre com
Adalgisa
Não fui olhar a saída da missa de domingo,
Como era costume naqueles ingênuos e queridos tempos,
E fui passear pela rua da sua casa
Ver a placa da esquina
Despertar o costumeiro revôo dos pombos na calçada
Não esqueci nada, nada daquilo...
Tudo tão cheio da ausência dela!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sábado, setembro 06, 2008
Encontro mágico
Eis que encontro na rua uma das moças mais lindas do mundo.
Vestida simplesmente, parecia no entanto uma princesa
Um meigo olhar, um sorriso que parecia uma aurora dentro de nós.
Não pude, não pude mais e lhe indaguei de súbito:
"Como é teu nome, minha querida?"
E ela respondeu-me simplesmente: AUSÊNCIA.
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sexta-feira, agosto 29, 2008
A arte de viver
A arte de viver
É simplesmente a arte de conviver...
Simplesmente, disse eu?
Mas como é difícil!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
É simplesmente a arte de conviver...
Simplesmente, disse eu?
Mas como é difícil!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quinta-feira, agosto 28, 2008
Briga em Família
Ontem - no outro lado da realidade -
Sonhei que Jesus estava discutindo violentamente com o Menino
Jesus.
Não ouvi nada, porque o mundo do sonho é silencioso.
(afinal é justo que haja outro mundo melhor do que este)
Não digo apenas que só Deus deve saber... Ele criou todas as coisas
Mas felizmente não sabe o que as coisas poderão fazer...
Tu podes negá-lo, dizer o diabo contra Ele e Ele te escutará!
E sorri infinitamente...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quarta-feira, agosto 27, 2008
Lições da Infância
Vestido de roxo e todo cheio de equimoses,
Tombado sobre um joelho
O medo que me dava Nosso Senhor dos Passos
Aonde eu ia acender-Lhe uma vela.
Não, não sentia piedade alguma, mas apenas medo.
Só muito depois é que vim descobrir
que ele era o mesmo Menino
que na mesma igreja
nos sorria ao colo de Nossa Senhora!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
terça-feira, agosto 26, 2008
Rock
segunda-feira, agosto 25, 2008
Inquietude
Esse olhar inquisitivo que me dirige às vezes nosso próprio cão...
Que quer ele saber que eu não sei responder?
Sou desse jeito... Vivo cercado de interrogações.
Dinheiro que eu tenha, como vou gastá-lo?
E como fazer para que não me esqueças?
(ou eu não te esqueça...)
Sinto-me assim, sem motivo algum,
Como alguém que estivesse comendo uma empada de camarão sem
camarões
Num velório sem defunto...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Que quer ele saber que eu não sei responder?
Sou desse jeito... Vivo cercado de interrogações.
Dinheiro que eu tenha, como vou gastá-lo?
E como fazer para que não me esqueças?
(ou eu não te esqueça...)
Sinto-me assim, sem motivo algum,
Como alguém que estivesse comendo uma empada de camarão sem
camarões
Num velório sem defunto...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
domingo, agosto 24, 2008
Expedições científicas
sábado, agosto 23, 2008
Os discos voadores
domingo, agosto 10, 2008
quarta-feira, agosto 06, 2008
Um simples lugar-comum
Todos esses roubos, todos esses assassinatos vêm apenas da fome
Que conturba este nosso terrível mundo atual.
Ah, como seria bom se rebentasse uma nova Guerra Internacional!
Que fácil uma vida nova em um novo mundo
Para os que ficássemos sobrando do lado de cá!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
terça-feira, agosto 05, 2008
O visitante
segunda-feira, agosto 04, 2008
Achados e perdidos
Eu conduzo minha poesia como um burro-sem-rabo
Nesta minha Porto Alegre de incríveis subidas e descidas.
Suo como o Diabo
E desconfio
Que os meus melhores poemas terão caído pelo caminho...
Mas como saber quais são?!
Alguém por acaso os pegará do chão
E vai ficar pensando que o espantoso achado
Pertence a ele... unicamente a ele!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
domingo, agosto 03, 2008
Batuque
Dentro da noite sinto-me às vezes pula-pulando ao som do batuque
Como se não tivesse nunca quebrado a minha perna esquerda...
E tudo vai fantasticamente como nesses desenhos animados
- salvo quando me sinto bobamente flutuando no espaço...
Ah! Mas não há nada mais fantástico
Do que esta minha simples mesinha de pinho
Onde sempre me confesso com divertida emoção!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sábado, agosto 02, 2008
O espectador
Olhar a televisão
Sem prestar atenção,
Ver apenas figuras a moverem-se na tela
E só assim talvez terei alguma compreensão
Da nossa vida e do sentido dela...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Sem prestar atenção,
Ver apenas figuras a moverem-se na tela
E só assim talvez terei alguma compreensão
Da nossa vida e do sentido dela...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
sexta-feira, agosto 01, 2008
Preto-e-branco
Um dia...
Amanhecer
O sol derrama, na calçada,
A sua bela, matinal urinada!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
A sua bela, matinal urinada!
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
terça-feira, julho 29, 2008
Orquestra
A coisa mais solitária do mundo é um solo de flauta
Em compensação a tua cabeça está cheia de borboletas estrídulas
Mas eu deixo tombar das minhas mãos o pandeiro de guizos
E, na verdade, o que eu tenho é uma alma de violoncelo
grave, profunda, triste...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
Em compensação a tua cabeça está cheia de borboletas estrídulas
Mas eu deixo tombar das minhas mãos o pandeiro de guizos
E, na verdade, o que eu tenho é uma alma de violoncelo
grave, profunda, triste...
[Mario Quintana; Velório sem defunto, 1990]
quinta-feira, julho 03, 2008
sábado, junho 21, 2008
I. DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
II. DO AMIGO
Olha! É como um vaso
De porcelana rara o teu amigo.
Nunca te sirvas dele... Que perigo!
Quebrar-se-ia, acaso...
III. DO ESTILO
Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.
IV. DA PREOCUPAÇÃO DE ESCREVER
Escrever... Mas por quê? Por vaidade, está visto...
Pura vaidade, escrever!
Pegar da pena... Olhai que graça terá isto,
Sejá se sabe tudo o que se vai dizer!...
V. DAS BELAS FRASES
Frases felizes... Frases encantadas...
Ó festa dos ouvidos!
Sempre há tolices muito bem ornadas...
Como há pacovios bem vestidos.
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
Não te irrites, por mais que te fizerem...
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio...
II. DO AMIGO
Olha! É como um vaso
De porcelana rara o teu amigo.
Nunca te sirvas dele... Que perigo!
Quebrar-se-ia, acaso...
III. DO ESTILO
Fere de leve a frase... E esquece... Nada
Convém que se repita...
Só em linguagem amorosa agrada
A mesma coisa cem mil vezes dita.
IV. DA PREOCUPAÇÃO DE ESCREVER
Escrever... Mas por quê? Por vaidade, está visto...
Pura vaidade, escrever!
Pegar da pena... Olhai que graça terá isto,
Sejá se sabe tudo o que se vai dizer!...
V. DAS BELAS FRASES
Frases felizes... Frases encantadas...
Ó festa dos ouvidos!
Sempre há tolices muito bem ornadas...
Como há pacovios bem vestidos.
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
sexta-feira, junho 20, 2008
VI. DO CUIDADO DA FORMA
Teu verso, barro vil,
No teu casto retiro, amolga, enrija, pule...
Vê depois como brilha, entre os mais, o imbecil,
Arredondado e liso como um bule!
VII. DA VOLUPTUOSIDADE
Tudo, mesmo a velhice, mesmo a doença,
Tudo comporta o seu prazer...
E até o pobre moribundo pensa
Na maneira mais suave de morrer...
VIII. DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.
IX. DA INQUIETA ESPERANÇA
Bem sabes Tu, Senhor, que o bem melhor é aquele
Que não passa, talvez, de um desejo ilusório.
Nunca me dês o Céu... quero é sonhar com ele
Na inquietação feliz do Purgatório...
X. DA VIDA ASCÉTICA
Não foge ao mundo o verdadeiro asceta,
Pois em si mesmo tem seu próprio asilo.
E em meio à humana turba, arrebatada e inquieta,
Só ele é simples e tranqüilo.
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
Teu verso, barro vil,
No teu casto retiro, amolga, enrija, pule...
Vê depois como brilha, entre os mais, o imbecil,
Arredondado e liso como um bule!
VII. DA VOLUPTUOSIDADE
Tudo, mesmo a velhice, mesmo a doença,
Tudo comporta o seu prazer...
E até o pobre moribundo pensa
Na maneira mais suave de morrer...
VIII. DOS MUNDOS
Deus criou este mundo. O homem, todavia,
Entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.
IX. DA INQUIETA ESPERANÇA
Bem sabes Tu, Senhor, que o bem melhor é aquele
Que não passa, talvez, de um desejo ilusório.
Nunca me dês o Céu... quero é sonhar com ele
Na inquietação feliz do Purgatório...
X. DA VIDA ASCÉTICA
Não foge ao mundo o verdadeiro asceta,
Pois em si mesmo tem seu próprio asilo.
E em meio à humana turba, arrebatada e inquieta,
Só ele é simples e tranqüilo.
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
quinta-feira, junho 19, 2008
XI. DAS CORCUNDAS
As costas de Polichinelo arrasas
Só porque fogem das comuns medidas?
Olha! quem sabe não serão as asas
De um Anjo, sob as vestes escondidas...
XII. DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis.., ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A mágica presença das estrelas!
XIII. DO BELO
Nada, no mundo, é, por si mesmo, feio.
Inda a mais vil mulher, inda o mais triste poema,
Palpita sempre neles o divino anseio
Da beleza suprema...
XIV. DO MAL E DO BEM
Todos têm seu encanto: os santos e os corruptos.
Não há coisa, na vida, inteiramente má.
Tu dizes que a verdade produz frutos...
Já viste as flores que a mentira dá?
XV. DO MAU ESTILO
Todo o bem, todo o mal que eles te dizem, nada
Seria, se soubessem expressá-lo...
O ataque de uma borboleta agrada
Mais que todos os beijos de um cavalo.
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
As costas de Polichinelo arrasas
Só porque fogem das comuns medidas?
Olha! quem sabe não serão as asas
De um Anjo, sob as vestes escondidas...
XII. DAS UTOPIAS
Se as coisas são inatingíveis.., ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A mágica presença das estrelas!
XIII. DO BELO
Nada, no mundo, é, por si mesmo, feio.
Inda a mais vil mulher, inda o mais triste poema,
Palpita sempre neles o divino anseio
Da beleza suprema...
XIV. DO MAL E DO BEM
Todos têm seu encanto: os santos e os corruptos.
Não há coisa, na vida, inteiramente má.
Tu dizes que a verdade produz frutos...
Já viste as flores que a mentira dá?
XV. DO MAU ESTILO
Todo o bem, todo o mal que eles te dizem, nada
Seria, se soubessem expressá-lo...
O ataque de uma borboleta agrada
Mais que todos os beijos de um cavalo.
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
quarta-feira, junho 18, 2008
XVI. DA DISCRETA ALEGRIA
Longe do mundo vão, goza o feliz minuto
Que arrebataste às horas distraídas.
Maior prazer não é roubar um fruto
Mas sim ir saboreá-lo às escondidas.
XVII. DA INDULGÊNCIA
Não perturbes a paz da tua vida,
Acolhe a todos igualmente bem.
A indulgência é a maneira mais polida
De desprezar alguém.
XVIII. DOS PESCADORES DE ALMAS
Se Deus, tal como Satanás, procura
As almas aliciar.., por que deixa ao Pecado
Esse caminho suave, essa fatal doçura
E faz do Bem um fruto amargo e indesejado?
XIX. DOS MILAGRES
O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!
XX. DOS SOFRIMENTOS QUOTIDIANOS
Tricas... Nadinhas mil... Ridículos extremos...
Enxame atroz que em torno à gente esvoaça.
E disto, e só por isto envelhecemos...
Nem todos podem ter uma grande desgraça!
XXI. DAS ILUSÕES
Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
Longe do mundo vão, goza o feliz minuto
Que arrebataste às horas distraídas.
Maior prazer não é roubar um fruto
Mas sim ir saboreá-lo às escondidas.
XVII. DA INDULGÊNCIA
Não perturbes a paz da tua vida,
Acolhe a todos igualmente bem.
A indulgência é a maneira mais polida
De desprezar alguém.
XVIII. DOS PESCADORES DE ALMAS
Se Deus, tal como Satanás, procura
As almas aliciar.., por que deixa ao Pecado
Esse caminho suave, essa fatal doçura
E faz do Bem um fruto amargo e indesejado?
XIX. DOS MILAGRES
O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!
XX. DOS SOFRIMENTOS QUOTIDIANOS
Tricas... Nadinhas mil... Ridículos extremos...
Enxame atroz que em torno à gente esvoaça.
E disto, e só por isto envelhecemos...
Nem todos podem ter uma grande desgraça!
XXI. DAS ILUSÕES
Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
terça-feira, junho 17, 2008
XXII. DA BOA E DA MÁ FORTUNA
É sem razão, e é sem merecimento,
Que a gente a sorte maldiz:
Quanto a mim, sempre odiei o sofrimento,
Mas nunca soube ser feliz...
XXIII. DOS NOSSOS MALES
A nós nos bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenína.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...
XXIV. DA INFIEL COMPANHEIRA
Como um cego, grita a gente:
"Felicidade, onde estás?"
Ou vai-nos andando à frente...
Ou ficou lá para trás...
XXV. DA PAZ INTERIOR
O sossego interior, se queres atingi-lo,
Não deixes coisa alguma incompleta ou adiada.
Não há nada que dê um sono mais tranqüilo
Que uma vingança bem executada...
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
É sem razão, e é sem merecimento,
Que a gente a sorte maldiz:
Quanto a mim, sempre odiei o sofrimento,
Mas nunca soube ser feliz...
XXIII. DOS NOSSOS MALES
A nós nos bastem nossos próprios ais,
Que a ninguém sua cruz é pequenína.
Por pior que seja a situação da China,
Os nossos calos doem muito mais...
XXIV. DA INFIEL COMPANHEIRA
Como um cego, grita a gente:
"Felicidade, onde estás?"
Ou vai-nos andando à frente...
Ou ficou lá para trás...
XXV. DA PAZ INTERIOR
O sossego interior, se queres atingi-lo,
Não deixes coisa alguma incompleta ou adiada.
Não há nada que dê um sono mais tranqüilo
Que uma vingança bem executada...
[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]
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