quinta-feira, julho 01, 2004

Academia do Contra

Monteiro Lobato (que escreveu a orelha de Espelho Mágico depois de tê-lo encomendado) e Érico Veríssimo (que fez a introdução de Pé de Pilão) foram apenas alguns ilustres que o admiraram e prestaram suas homenagens enquanto ainda estava vivo. Suas palavras também eram aclamadas por Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, Drummond, Cecília Meireles e João Cabral de Melo Neto.

Nada mal para quem foi ignorado por três vezes pela Academia Brasileira de Letras, para a qual, na última e derradeira afronta, escreveu sem perder o rebolado, o famoso Poeminha do Contra.


Sobre a relação com a Academia Brasileira de Letras, disse uma vez que nunca quis fazer parte dela, pois achava que os imortais que dela participavam gastavam muito tempo recebendo estrangeiros de importâncias duvidosas. Além disso achava perigoso ter que estudar novos nomes para o ingresso, já que muitos deles eram amigos. Apesar de ter se candidatado por três vezes, não achava contraditórias suas opiniões, tendo em vista que, se fosse aceito, vestiria a camisa da entidade. Ele acreditava que a Academia deveria ter gente mais jovem, portanto a sua inserção já seria uma renovação.

Talvez para aliviar o peso na consciência de quarenta imortais - que deve ser grande - recebeu em 1980 o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra (tipo aquele prêmio que a Academia do Oscar dá aos grandes talentos injustiçados). Antes disso, porém, foi saudado em uma das sessões da Academia por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, através da leitura de um de seus poemas. No entanto, em sua terra natal, tornou-se Cidadão Honorário de Porto Alegre; ganhou placa de bronze na praça principal de Alegrete; recebeu a medalha Negrinho do Pastoreiro; ganhou duzentos botões de rosas e cravos das mãos de crianças em Passo Fundo; foi nomeado Doutor Honoris Causa da UNICAMP e da Universidade Federal do Rio de Janeiro e eleito o Príncipe dos Poetas Brasileiros em uma promoção da Academia Nilopolitana de Letras entre escritores de todo o país. Foi o quinto poeta a receber esse título. Os outros foram Olavo Bilac, Alberto Oliveira, Olegário Mariano e Guilherme de Almeida. E ainda tem gente que diz que os imortais tinham razão.

[desconheço o autor do artigo acima, agradeço quem puder informar a fonte]

Um comentário:

Carmen Monteiro disse...

Gostei daqui, Renata :)

Carmen (do orkut)