sexta-feira, outubro 13, 2006

Bar

No mármore da mesa escrevo

Letras que não formam nome algum.

O meu caixão será de mogno,

Os grilos cantarão na treva...

Fora, na grama fria, devem estar brilhando as gotas
pequeninas do orvalho.
Há, sobre a mesa, um reflexo triste e vão

Que é o mesmo que vem dos óculos e das carecas.

Há um retrato do Marechal Deodoro proclamando a República.

E de tudo, irradia, grave, uma obscura, uma lenta música...

Ah, meus pobres botões! eu bem quisera traduzir, para vós, uns
dois ou três compassos do Universo!...
Infelizmente não sei tocar violoncelo...

A vida é muito curta, mesmo...

E as estrelas não formam nenhum nome.

[Mario Quintana; Aprendiz de Feiticeiro, 1950]

3 comentários:

Anônimo disse...

Olá, vim aqui te conhecer, A vida é muito curta, e por isso urgente. bjus

Anônimo disse...

"a vida é muito curta".

era disso que eu precisava para uma redação.

obrigado

Unknown disse...

Ahhhh...esse tema tão constante na obra dele....~Quando leio esse poema...acho que a vida me parece ainda mais curta...e rápida...e ...perturbadora.