quarta-feira, junho 16, 2004

O límpido cristal

Que límpido o cristal de abril!
...Um grito não vai como os da noite
para os extramundos...
Todas as vozes, todas as palavras ditas
cigarras presas
dentro do globo azul
vão em redor do mundo
e a ninguém é preciso entender o que elas dizem;
basta aquele bordoneio profundo
que vibra com o peito de cada um...
palavras felizes de se encontrarem uma com a outra
nas solidões do mundo!

[in: Esconderijos do tempo. São Paulo, Globo, 1995]

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