segunda-feira, junho 09, 2008

LX. DA INTERMINÁVEL DESPEDIDA

Ó Mocidade, adeus! Já vai chegar a hora!
Adeus, adeus... Oh! essa longa despedida...
E sem notar que há muito ela se foi embora,
Ficamos a acenar-lhe toda a vida...


LXI. DOS TITULOS DO LEÃO

Ele que é força pura, ele que é puro egoísmo,
No entanto é o Nobre, é o Justo... é Sua Alteza o Leão!
Pois que só um consolo resta à escravidão:
Idealizar o despotismo...


LXII. DOS PONTOS DE VISTA

A mosca, a debater-se: "Não! Deus não existe!
Somente o Acaso rege a terrena existência."
A Aranha: "Glória a Ti, Divina Providência,
Que à minha humilde teia essa mosca atraíste!"


LXIII. DAS FALSAS POSIÇÕES

Com a pele do leão vestiu-se o burro um dia.
Porém no seu encalço, a cada instante e hora,
"Olha o burro! Fiau! Fiau!" gritava a bicharia...
Tinha o parvo esquecido as orelhas de fora!


LXIV. DOS MALES

Mono Velho, a gemer de gota, avista um leão.
Qual gota! Qual o quê! Logo trepa a um coqueiro.
Nada, para esquecer uma aflição,
Como um grande tormento verdadeiro...

[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]

Nenhum comentário: