sexta-feira, junho 06, 2008

LXXV. DAS CONFIDÊNCIAS

Quiseste expor teu coração a nu...
E assim, ouvi-lhe todo o amoroso enleio.
Ah, pobre amigo, nunca saibas tu
Como é ridículo o amor... alheio...


LXXVI. DA DISCRIÇÃO

Não te abras com teu amigo
Que ele um outro amigo tem.
Eo amigo de teu amigo
Possui amigos também...


LXXVII. DA INDISCRIÇÃO

Passível é de judicial sentença
O que na casa alheia se intromete.
Só nos falta é uma lei que aos importunos vete
A entrada em nossas almas, sem licença...


LXXVIII. DA PREGUIÇA

Suave Preguiça, que do mal-querer
E de tolices mil ao abrigo nos pões...
Por causa tua, quantas más ações
Deixei de cometer!


LXXIX. DA CONTRAÇÃO AO TRABALHO

Forcejares assim dessa maneira...
Olha! Só aos basbaques impressiona,
A esses que vão espiar, nos barracões, de lona,
A ingênua exibição dos hércules de feira...


[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]

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