domingo, junho 15, 2008

XXXI. DA POBRE ALMA

Como é que hás de poder, ó Alma, devassar
Essas da pura essência invisíveis paragens?
Tu que enfim não és mais do que um ansioso olhar!
Ó pobre Alma adoradora das Imagens...

XXXII. DAS VERDADES

A verdade mais nova, ela somente, existe!
Até que um dia, para os mais meninos,
Vai tornando esse aspecto, entre irrisório e triste,
Dos velhos figurinos...


XXXIII. DA BELEZA DAS ALMAS

Se é bela a alma em si, que importa o proceder?
Com Marco Antônio, rei da sedução,
Sentiriam os Anjos mais prazer
Do que na companhia de Catão...


XXXIV. DA PERFEIÇÃO DA VIDA

Por que prender a vida em conceitos e normas?
O Belo e o Feio.., o Bom e o Mau... Dor e Prazer...
Tudo, afinal, são formas
E não degraus do Ser!


XXXV. DA ETERNA PROCURA

Só o desejo inquieto, que não passa,
Faz o encanto da coisa desejada...
E terminamos desdenhando a caça
Pela doida aventura da caçada.

[Mario Quintana; Espelho Mágico, 1945]

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